LIVRO SELADO DE MOISÉS

CAPÍTULO 3

71-84

71 Foi, então, que Eu, o Senhor, lhe disse: por que, Moisés, persiste em clamar a mim, o Senhor, quando há em você a plena força do meu sacerdócio repousando em seus sentimentos? — Além disso, saiba que você tem em seu retiro a multidão dos filhos de Israel, que são um com você, Moisés, assim como tu és um comigo, o Senhor.

 

 

72 Cabe a você, portanto, despertar essa centelha nos corações desse povo que acrescenta poder na unidade de sentimentos; e Eu, o Senhor, estou falando sobre a igreja coletivamente; porque, quando a unidade coexiste entre vós, então tornam-se um em mim.

 

 

73 E, no entanto, Eu lhe digo: seus sentimentos coletivos, unidos em um objetivo comum, permitirão a você, Moisés, no uso das atribuições conferidas à presidência do Sumo Sacerdócio, transpor todas as coisas, para continuar usando seu poder comigo, desde que haja amor incondicional em você por esse povo; e se esse povo tem fé em mim, o Senhor, através de você e suas palavras, então nenhuma condição pode ser imposta a você pelos elementos deste mundo; e, com isso, nada será impossível para você, por causa da fé nos corações, mente e força desse povo, que é um em mim, o Senhor.

 

74 Portanto, estenda a mão sobre o mar e com a força desses sentimentos que vem da compaixão, liberte os ventos que estão trancados nas comportas dos céus e faça com que os filhos de Israel passem pelo mar em terra seca1 . (1) Êxodo 14:10-16

 

 

75 Se deu, então, seguindo a história de nossos primeiros pais, que após a morte de Abel, Caim passou a tomar uma das filhas de seus irmãos como esposa para si, e ambos amaram a Satanás mais do que a Deus e daí em diante, juntamente com muitos de seus irmãos, viviam a leste do Éden, em uma terra que primeiro foi habitada por Node, um dos primeiros filhos de Adão, onde Node se estabeleceu com sua descendência1 . (1) Moisés 5:28; 41

 

 

76 Caim e sua esposa tiveram filhos e filhas, e ele construiu uma cidade e deu-lhe o nome de seu filho, Enoque, e criou-os de acordo com a sua veneração, de modo que sua descendência teve na mais alta estima este ser maligno, que é Satanás, como sendo seu deus; e o verdadeiro Deus, ele ensinou a seus filhos, que era um postulado do mal.

 

 

77 E aconteceu que um dos filhos de Caim teve muitos filhos, e se fez rei dessa cidade; e, dentre seus filhos, houve Irade, de quem procedeu Meujael; e de Meujael veio Metusael de quem nasceu Lameque a quem Satanás incitou a ter duas esposas, Ada e Zilá, e com isso, se deu início a poligamia entre os filhos dos homens, pois Lameque havia feito um convênio com Satanás e, para selar este convênio, ofertou o sangue inocente de Gibeá, um justo procedente das terras de Havilá, de onde provém a abundância de ouro, que há nas margens do rio Píson; e, junto a este acordo, Satanás propôs que tomasse uma segunda esposa, para satisfazer os sentimentos diabólicos e sensuais que permeavam o coração de Lameque1 . (1) Jacó 2:27-28

 

 

78 Este Gibeá, por sua vez, foi um justo entre os filhos de Adão e ele se esforçou para pregar o arrependimento entre os filhos de Caim, de onde Lameque, impropriamente apreendeu seus ornamentos de ouro e pedras preciosas e tomou posse de seus bens e animais, tornando-se o primeiro ladrão entre os filhos dos homens e um assassino, assim como Caim, que também derramou sangue inocente para selar seu pacto com Satanás, o diabo, segundo a maneira do sacerdócio Maã, tornando-se assim, um mestre da ordem e senhor daquele grande segredo, que havia sido dado a Caim.

 

 

79 Irade, por sua vez, fora convocado a servir Lameque e este o fez conhecedor de seus segredos, o qual não se conteve e passou a contar para os filhos de Adão sobre as coisas repugnantes provenientes de Satanás, a quem tinham por deus; e que, por fim, aprisionavam os filhos dos homens sob uma condição degradante e miserável; por isso, Lameque matou a Irade, seu irmão, para manter suas combinações secretas entre os sacerdotes desta antiga ordem, a qual coexiste desde os dias de Caim1 . (1) Moisés 5:47-51

 

 

80 Foi então nesses dias de abominações entre os filhos dos homens, quando não mais guardavam os mandamentos de Deus, e os preceitos sacerdotais da Ordem Maã se espalhavam por toda terra habitada, que Deus levantou uma prole justa novamente para Adão, e este passou a chamá-lo pelo nome de Sete.

 

 

81 E, quando ainda rapaz, Deus se mostrou a Sete e o comissionou, e Sete aceitou de bom grado seu chamado para pregar arrependimento entre seus irmãos. Se deu, portanto, na idade de sessenta e nove anos, que Sete foi ordenado ao sacerdócio por seu pai, Adão; quando, então, foi proposto estabelecer, entre seus descendentes, a ordem deste sacerdócio do Filho de Deus, tendo por base todas as diretrizes que foram reveladas dos céus, sabendo os filhos dos homens que este era o padrão proposto por Deus desde o princípio; que a presidência do sumo sacerdócio deve ser transmitida de pai para filho1 , ou para um descendente justo da promessa caso não haja herdeiro digno de assumir o lugar de seu pai no ofício mais elevado que existe na hierarquia da igreja. (1) D&C 107:40-41

 

 

82 Portanto, a presidência do Sacerdócio do Filho de Deus pertence por direito aos descendentes literais da Semente Escolhida, a quem foram e serão feitas as promessas referentes a esse convênio, sendo que esta mesma ordem que sempre existiu, existirá até o fim do mundo. Assim sendo; Adão, o presidente do sumo sacerdócio em seus dias, passou a espalhar o evangelho juntamente com Sete, vindo a conferir o sacerdócio sobre Enos, filho de Sete, quando então tinha cento e trinta e quatro anos de idade.

 

 

83 Por sua vez, Deus chamou Cainã, filho de Enos, por meio de um mensageiro no deserto quando esse tinha apenas quarenta anos de idade, e este passou a pregar arrependimento aos filhos de Caim e aos descendentes de Adão e, havendo se passado quarenta e sete anos desde que Deus o chamou, em uma de suas viagens para Cedolameque, foi que Cainã se deparou com Adão pregando entre a multidão de seus descendentes, sendo nessa ocasião que Adão o ordenou ao sacerdócio1 . (1) Moisés 6:7; D&C 107:40-45

 

 

84 Se deu, então, quando Adão tinha novecentos e vinte e sete anos de idade; que ele passou a reunir, em um lugar chamado Adão-ondi-Amã, a Enos; a Cainã; a Maalalel; a Jarede; a Enoque e a Matusalém, os quais eram todos sumos sacerdotes da Santa Ordem do Filho de Deus e lá, conferiu as chaves de sua presidência sobre a cabeça de Sete, sendo que este foi abençoado por seu pai três anos antes da morte de Adão1 . (1) D&C 107:42, 53