Livro Selado de Moisés

CAPÍTULO 3

31-40

31 Por causa disso, aconteceu que Abel; cumprindo as exigências da profecia e, portanto, as exigências da lei; achou impróprio oferecer frutos do campo como sacrifício a Deus, exatamente como Caim havia proposto, porque nos dias em que Deus ordenou que Adão oferecesse sacrifícios em um altar, os anjos que o visitaram disseram que isso deveria ser efetuado como símbolo do sacrifício proposto pelo Unigênito do Pai1 , e que somente um sacrifício de sangue poderia de fato prefigurar simbolicamente esta cerimônia, “com a finalidade de recordarem sempre” o futuro 20 MOISÉS 3:32 derramamento de sangue por parte da “Semente Designada” que seria ferida para o benefício de todos os homens. (1) Moisés 5:6-7

 

 

32 Por sua vez, foi o próprio homem, a começar por Caim, que passou a emoldurar dogmas com a finalidade de religar suas simbologias à recordação de uma promessa divina.

 

 

33 Se deu, então, que Deus mostrou agrado para com a oferta de Abel e rejeitou a de Caim, porque sabia que essa aprovação resultaria na sequência que os descendentes de Adão dariam na observância dessa ordenança, a qual prefigurava o entendimento correto quanto à Semente Designada e, com isso, não observariam o engano proposto por Caim.

 

 

34 Em razão dos filhos do homem precisarem de símbolos para permanecerem fiéis aos mandamentos de Deus, o Senhor, então, aceitou o dogma mais coerente e recheado de fé no conteúdo descrito nas palavras de sua profecia. Por isso, foi dito: “que pela fé Abel ofereceu a Deus um sacrifício melhor do que Caim. E pela sua fé conseguiu a aprovação de Deus como homem correto, tendo o próprio Deus aprovado as suas ofertas”.

 

 

35 Aconteceu, então, que o Sacerdócio do Filho de Deus passou a ser pleno em Abel, mas diminuía em sua plenitude a cada dia que passava sobre Caim; e, com isso, o próprio Caim chegou à conclusão que o Senhor olhava com apreço para as ofertas de seu irmão, ao passo que rejeitava os frutos entregues como oferenda ao Senhor por suas próprias mãos.

 

 

36 Caim, portanto, foi incitado pelo diabo e engodado pela inveja, ao passo que a raiva se apoderava de seus sentidos. Porquanto, Caim passou a planejar uma forma de interromper a vida de Abel.

 

 

37 Abel, por sua vez, justificava o plano de salvação através do Prometido Descendente, a Semente Designada, mediante observância correta da ordenança para se lembrar da referida promessa.

 

 

38 Se deu, então, que o Senhor procurou a Caim por meio de um anjo enviado a ele da parte de Deus, para abrandar a ira que nutria seu coração. O mensageiro, então, lhe relatou que Deus, o Pai, não o havia rejeitado quando mostrou favor para a oferta de seu irmão, mas estava triste que havia inveja e ódio em seu coração. Então, o Senhor lhe perguntou a razão de sua ira e tão logo o fez compreender que as coisas que afastavam ele ainda mais de seu Criador, não era, em si, a sua forma errada de adoração e a instituição enganosa de suas ordenanças criadas de acordo com seus preceitos de homem terreno e, que não seria por essa razão, que Deus, o Pai, deixaria de ouvir suas orações, mas sua forma errada de adoração apenas removeu o poder do sacerdócio que Adão havia posto sobre a sua cabeça, assim como também pôs sobre a cabeça de Abel, o qual fora capaz de compreender o mistério do sacramento, mediante uma expiação por sangue, a que devia prefigurar o sacrifício do Prometido Descendente, por cuja dolorosa cerimônia exigia que um representante sacerdotal humano, levantasse a mão para tirar a vida, cujo dom somente Deus pode dar e, assim, ter que se valer da morte em uma ordenança procedente do “antigo pacto” que os faria refletir no sangue derramado de um animal inocente e, com isso, o homem que assistisse àquele indefeso animal ensanguentado, contorcendo-se em agonia para purificar a si dos seus pecados, haveria de compreender em seu coração, com a finalidade de “recordar sempre”, da futura ação proposta por meio do Prometido Descendente, sim, Jesus Cristo.

 

 

39 Pois assim fora ordenado ainda nos céus, sendo que o poder da divindade provinda do Sacerdócio do Filho de Deus entre os filhos de Adão, só pode ser mantido entre os homens na carne mediante observação restrita de suas ordenanças na Terra1 . (1) D&C

 

 

40 Entretanto, o que fez Caim permanecer distante de Deus foram os sentimentos contrários à luz que resplandece da Alva1 , que ele próprio permitiu que se arraigassem em seu coração e, por fim, o pleno poder do sacerdócio perdia sua eficácia em oposição a tais sentimentos que contristam o Espírito de Deus2 , afastando-o de seus corações. (1) 2 Pedro 1:19; Alma 32:34-35 (2) Efésios 4:30