ATOS DOS 3 NEFITAS
CAPÍTULO 3
1 Por volta de duzentos anos desde a vinda de Cristo entre os nefitas, muitos do meu povo começaram a se dividir em classes e começaram a organizar igrejas para si mesmos, com o propósito de obter riquezas, prestígio e glória entre seus irmãos.
2 Acontece que, depois de duzentos e dez anos, havia muitas igrejas que professavam ser a Igreja de Cristo entre o meu povo; mas suprimiram a maior parte de Seu evangelho e modificaram as principais doutrinas e decretos para ajustá-los a um caminho mais liberal de viver, de tal maneira que eles toleravam todo tipo de iniquidades e promiscuidades, por causa do caminho fácil que seus líderes apresentavam aos seus membros; porque eles obtinham lucro, encorajando as pessoas a deixar de lado os princípios da igualdade entre irmãos; porque, até então, a verdadeira Igreja mantinha todas as coisas em comum entre seus membros, cada qual lucrando em seus negócios; mas não para si mesmos, mas para o bem coletivo de todos os irmãos, sob o solene convênio da Ordem Unida, de acordo com seus desejos e necessidades.
3 E essas igrejas se multiplicaram muito, por causa da iniquidade e do poder de Satanás que se apoderou de seus corações a ponto de rejeitarem nossa pregação; porque estávamos no meio deles. No entanto, eles nos jogaram na prisão; mas suas paredes não podiam resistir ao poder de Deus que estava conosco; e, assim que fomos acorrentados, os grilhões foram quebrados. Fomos jogados no fogo, mas saímos ilesos diante de seus olhos; em poços de animais selvagens, mas brincamos com os animais da mesma maneira que uma criança brinca com um cordeiro e saímos sem nenhum arranhão diante dos olhos da multidão que nos observava.
4 No entanto, o povo endureceu o coração e atacou o povo de Jesus; mas o povo de Jesus não revidou contra os ataques, porque eles obedeceram ao seu ensino, de não lançar suas dádivas diante daqueles que as desprezam. E assim, eles estavam degenerando em incredulidade e iniquidade de ano para ano, até duzentos e trinta anos se passarem; e depois houve uma grande divisão entre as pessoas.
5 E sucedeu que, no princípio desses dias, surgiu um povo chamado nefita; e eles eram verdadeiros crentes em Cristo; e havia três tribos distintas entre eles, a quem os lamanitas chamavam de jacobitas, josefitas e zoramitas; por causa dos três discípulos de Cristo, pois nós individualmente ministramos, cada um entre uma dessas tribos, da qual descendemos; e todos os homens, mulheres e crianças que formavam o povo da Igreja eram chamados nefitas, independente da tribo a que pertenciam, sendo eu, Jonas, um descendente da tribo de José, um dos filhos de Néfi, que era o principal discípulo do Senhor.
6 Desse modo, instituímos uma única identificação para as pessoas da igreja, sem remover as tribos que as compunham, de forma que a Igreja delas continuasse na Terra, tal como nos dias dos nossos antepassados quando saíram do Egito. Pois, embora fossem doze tribos distintas, tendo diferentes designações patriarcais entre si, eram reconhecidas, pelos povos ao redor, apenas como a nação de Israel.
7 Porquanto prevalecemos Igreja de Cristo, desde que ele esteve presente entre seu povo, por entre a nação nefita, até duzentos e sessenta anos; então, o povo da Igreja começou a se orgulhar em virtude de suas grandes riquezas, a ponto de os ricos não estarem mais dispostos a compartilhar seus lucros com os mais pobres; porque já se ressentiram em dividir seus ativos; e eram vaidosos entre seus irmãos, os lamanitas que congregavam conosco. E, a partir de então, nós, os discípulos que permaneceríamos na Terra enquanto houvesse Igreja de Cristo entre os nefitas, começamos a sofrer pelos pecados do mundo.
8 Eis aqui, nesta expressão “os discípulos começaram a sofrer pelos pecados do mundo1 ”, se esconde o grande mistério de nosso ministério e existência entre os homens na Terra. Pois foi escrito por nossos poetas e historiadores o que lhes foi transmitido pela cultura dos povos que viveram conosco durante esses duzentos e sessenta anos, tendo seus filhos e os filhos de seus filhos ouvido algum relato do passado, de que fomos levados à morte mais de uma vez, mas saímos ilesos em todos os casos. (1) 3 Néfi 28:38
9 Alegando, assim, que por ocasião de nosso chamado a permanecer nesta Terra, Jesus Cristo disse que “nunca provaríamos a morte”; mas o fato é que nos foi dito, nesta ocasião, pela voz do Senhor que “se morrerem em mim, não provarão a morte” 1 . (1) D&C 42:46
10 E, por causa dessas palavras, também é dito, até hoje, entre os nefitas: “Se eles eram mortais ou imortais desde o dia de sua transfiguração1 , ninguém sabe; porque eles mesmos relataram que foram arrebatados ao céu, mas não souberam se foram purificados da mortalidade para a imortalidade2 , apenas argumentaram, entre seus conhecidos, que seus corpos sofreram uma transformação3 , de modo que não provam a amargura da morte4 toda vez que foram jogados no fogo ou apedrejados até a perecer”. Portanto, apesar de sermos mortos a todo instante, não sofremos as dores da morte, nem as suas agonias; exceto “pelos pecados do mundo5 .” (1) 3 Néfi 28:17 | (2) 3 Néfi 28:36 | (3) 3 Néfi 28:37 | (4) D&C 42:47 | (5) 3 Néfi 28:38
11 Eu falo disso, por causa da iniquidade e incredulidade que aumentaram entre o povo nefita, de tempos em tempos, e das muitas vezes em que nós três fomos tirados do meio do povo e considerados como mortos por aqueles que nos conheciam. Isso aconteceu pela primeira vez cem anos depois da vinda de Cristo quando todos os discípulos já haviam ido para o paraíso de Deus, exceto nós três1 ; mas toda a primeira geração daqueles que viram Jesus haviam morrido2 . (1) 4 Néfi 1:14 | (2) 4 Néfi 1:18
12 Meu pai era um dos discípulos de Jesus Cristo, aquele que ressuscitou seu irmão Timóteo 1 e que ainda estava vivo por ocasião de todos já terem morrido, exceto nós três2 . E a igreja estava vivendo um período de paz e justiça entre seu povo; mas, assim que o Senhor nos transferiu novamente, eis que um de meus irmãos deu continuidade ao registro de nosso pai. (1) 3 Néfi 7:19; 19:4 | (2) 4 Néfi 1:14, 19
13 Agora, quer morramos ou não, não sabemos ao certo. No entanto, o que nos acontece é que não sofremos as dores da morte, que são esquecimento ao passar pelo véu; mas eis que nos lembramos de todas as coisas, tanto nesta habitação, como na outra, e assim devemos permanecer até que todas as coisas sejam realizadas quando, então, Jesus vem ao seu povo nos últimos dias, assim como ele veio entre os nefitas, e seremos transformados, num piscar de olhos, da mortalidade, isto é, deste estado mortal no qual estamos sendo entregues à morte em todos os momentos, para a imortalidade1 . (1) 3 Néfi 28:8
14 E neste estado transitório de estar e não estar no mundo, nós devemos permanecer, indo e vindo, numa transformação parcial e contínua do que nós seremos no último dia, para que Satanás não tenha poder sobre nós e tampouco nos reconheça entre os filhos dos homens; e para que não sejamos retidos pelos governantes da Terra até o dia do juízo quando, então, passaremos por uma transformação completa, para que não mais deixemos a presença de Deus1 . (1) 3 Néfi 28:39-40
15 No entanto, a falta de referências pelos antigos profetas em seus escritos a esse procedimento que Jesus Cristo usou conosco, que somos os três discípulos que deveriam permanecer na Terra, não parece existir em qualquer relato anterior na história do evangelho, desde o início até agora; exceto o relato que nos foi mostrado, quando fomos arrebatados e vimos um livro escrito por um apóstolo do Senhor, cujo nome era João, aquele de quem o Senhor Jesus nos disse: “eis que conheço vossos pensamentos e desejais o que João, meu amado, que me acompanhou em meu ministério antes de ser condenado pelos judeus, desejou de mim.”
16 E, depois que fomos arrebatados e transfigurados diante do trono de Deus, nos foram mostradas todas as coisas indescritíveis dos mistérios escritos por este apóstolo João1 ; mas, por causa da ordem que recebemos no céu, não relatamos nada; porquanto ministramos entre toda terra habitada e registramos as coisas que vimos e ouvimos das revelações por ele escritas, a fim de serem reveladas quando, enfim, essas coisas começarem a ocorrer novamente entre os filhos dos homens2 . (1) 3 Néfi 28:12-15 | (2) 3 Néfi28:16
17 Porquanto, nos é difícil explicar este grande mistério que nos rodeia, quando nós mesmos estamos começando a entender. O fato é que depois de cem anos que se passaram desde que fomos removidos de nossos irmãos, ou seja, duzentos e dez anos a partir do momento em que Cristo veio ao seu povo, fomos considerados mortos entre nossos parentes; e eis que o Senhor nos trouxe de volta entre esse povo em mais de uma ocasião, porquanto não havia mais paz e justiça entre eles.
18 Foi quando o povo começou a dividir-se em classes e começaram a organizar igrejas para si mesmos, com a finalidade de obterem riquezas, prestígio e glória entre os seus irmãos, assim como mencionei anteriormente, neste registro. Sim, até mesmo entre aqueles que são remanescentes das tribos que cada um de nós era responsável, que são jacobitas, josefitas e zoramitas.