LIVRO SELADO DE MOISÉS 

CAPÍTULO 3

21-30

21 Aconteceu então, que eu, Mórmon, porquanto transcrevia estas palavras do registro selado de Moisés, que a voz do Senhor me chamando disse: como uma criança no colo, a dispensação de Adão não podia entender completamente estas minhas palavras, mas à medida que a criança cresce e se desenvolve mais plenamente, torna-se capaz de entender informações que antes não podiam ser compreendidas. Da mesma forma, o propósito de minhas palavras em relação à minha prole, envolve uma compreensão gradual dos tempos, na qual Eu, o Senhor, darei aos filhos do homem, linha sobre linha, um pouco aqui e um pouco ali, e abençoados serão aqueles que escutarem meus preceitos, porque eles receberão mais1 . (1) 2 Néfi 28:30

 

 

22 E eis que Eu, o Senhor, concluirei uma série de pactos procedentes de minha parte para com os filhos do homem que revelarão muitos detalhes com o desenrolar das dispensações, os quais hão de se compreender plenamente neste período de tempo, em que esta mensagem selada por meu servo, Moisés, for revelada aos olhos de meu povo nos últimos dias.

 

 

23 É claro que o pacto que fiz com Adão e sua justa semente depois dele é garantia suficiente de que, Eu, o Senhor, cumprirei minhas promessas. Não obstante, em muitas ocasiões, Eu, Deus, amavelmente fortalecerei a validade de meus convênios com os filhos de Adão, porquanto terei de resgatar, dentre seus descendentes, um justo que esteja disposto a cumprir meus mandamentos.

 

 

24 Estes acordos invioláveis do evangelho eterno de meu Unigênito, dão a vós, homens mortais e decaídos, uma base ainda mais sólida para confiar em minhas palavras.

 

 

25 Foi então, que Caim, o primogênito de Adão, dotado da astúcia do diabo, começou a criar dogmas a respeito da “Semente Designada”, de modo que seus símbolos serviriam como sinais para as futuras gerações dos filhos de Adão, com o propósito de gerar esperança para uma futura restauração do que foi perdido por seus pais no Éden.

 

 

26 Por causa do decreto divino imposto aos descendentes de Adão; que o solo havia sido amaldiçoado, e que o homem teria que trabalhar duro para que, com o suor de seu rosto, ele colhesse sua recompensa; Caim propôs, então, que os frutos da terra seriam o símbolo da Semente Designada, e toda vez que alguém passasse pelo doloroso processo de arar, semear e cultivar o solo, estivesse ciente simbolicamente do Descendente Prometido e lembrando-se do estado amaldiçoado dos filhos do homem.

 

 

27 Mas, no final do trabalho, com a gratificação da colheita, os filhos de Adão devem, de acordo com os dogmas ensinados por Caim, queimar alguns frutos no campo para cumprir a palavra de Deus, “com a finalidade de recordarem sempre de seu Prometido Descendente”.

 

 

28 Dessa forma, então, de acordo com os preceitos de Caim, semelhante ao que acontece com a colheita, que depois de muito trabalho traz sua recompensa; no final, os filhos de Adão teriam sua recompensa através da “Semente Designada”.

 

 

29 Abel, por outro lado, como havia desde pequeno desenvolvido o ofício de ajuntar em rediz um número razoável de animais vacuns e ovelhas e aves, a fim de facilitar suas tarefas de ordenhar leite todos os dias e ter ovos para o alimento e lã para a confecção de mantas como vestimenta, não chegou a conhecer a lida do campo e, com isso, pôs em controvérsia as ordenanças sagradas impostas por Caim aos futuros descendentes de Adão.

 

30 Além disso, como a profecia menciona que o descendente da serpente machucaria o calcanhar do descendente da promessa, Abel “concluiu” que isso deveria figurar a um derramamento de sangue, por parte da “Semente Designada”; pois, no original de seu dialeto edênico, a pronúncia correta de Deus à serpente seria “sangrar o calcanhar”, ao invés de machucar e, por esse detalhe, Caim passou despercebido quando formulou seus dogmas em cima da profecia. Com isso em mente, Abel passou a formular doutrinas com base no contexto original descrito por seu pai Adão, na língua edênica, o que seria para a nação de Israel, nos dias em que Moisés descreveu esse relato, o equivalente a palavra “sacrifício”, que significa “ofício de sangrar”, já no original da língua falada pelos hebreus em seus dias, “sacrifício” significa sangramento, donde provém a palavra que eu, Mórmon, conheço no idioma nefita, como sendo “sacramento”, ou seja, o sacramento remonta à vontade do Senhor desde o início dos tempos, “a fim de recordarem sempre da semente designada, Jesus Cristo”.