Tradução do Livro de Mórmon original publicado em 1830

 

Este trabalho de Tradução está a ser efectuado por

Bento DAlmeida

 

O PRIMEIRO LIVRO DE NÉFI

CAPÍTULO 4

 

Néfi mata Labão pelo comando do Senhor e então assegura as placas de latão por meio de um estratagema — Zoram escolheu juntar-se à família de Leí no deserto. Cerca de 600–592 a.C.

 

1 E isto se veio a passar que eu falei diante dos meus irmãos, dizendo: deixemo-nos subir outra vez a Jerusalém e deixemo-nos ser fiéis em guardar os mandamentos do Senhor; pois eis que Ele é mais poderoso do que toda a terra, então por que não mais poderoso do que Labão e seus cinquenta, sim, ou até mesmo que suas dezenas de milhares dele?

2 Portanto, deixemo-nos subir; deixemo-nos ser fortes como Moisés; pois ele realmente falou diante das águas do Mar Vermelho e elas se dividiram aqui e ali, e nossos pais vieram através dele, para fora do cativeiro, em chão seco, e os exércitos do Faraó os seguiram e foram afogados dentro das águas do Mar Vermelho.

3 Agora, eis que vós sabeis que isto é verdade; e vós também sabeis que um anjo falou diante de vós; Portanto podeis vós duvidar? Deixemo-nos subir; o Senhor é capaz de nos livrar, tal como a nossos pais, e destruir Labão, até mesmo como aos egípcios.

4 Ora, quando eu tinha falado estas palavras, eles ainda estavam irados, e continuaram a murmurar; não obstante, eles me seguiram até que nós viemos fora das muralhas de Jerusalém.

5 E isto foi pela noite; e eu, para que eles se escondessem fora das muralhas. E após eles terem-se escondido, eu, Néfi, rastejei para dentro da cidade e fui em direção à casa de Labão.

6 E eu fui guiado pelo Espírito, não sabendo de antemão as coisas que eu deveria fazer.

7 Não obstante, eu fui em frente, e assim que cheguei perto da casa de Labão, eu vi um homem, e ele tinha caído ao chão diante de mim, porque ele estava embriagado com vinho.

8 E quando vim a ele eu descobri que era Labão.

9 E eu vi sua espada e eu a retirei para fora da bainha; e o seu cabo era de ouro puro e o acabamento dele era excessivamente fino, e vi que a sua lâmina era do mais precioso aço.

10 E isto se veio a passar que fui constrangido pelo Espírito que eu deveria matar Labão; mas eu disse em meu coração: Nunca em momento algum tenho eu derramado o sangue do homem, e eu me encolhi e eu desejei que eu pudesse não ter de o matar.

11 E o Espírito me disse outra vez: Eis que o Senhor o tem entregado em tuas mãos. Sim, e eu também sabia que ele havia procurado tirar a minha própria vida; sim, e ele não daria ouvidos para com os mandamentos do Senhor; e ele também havia tirado nossa propriedade.

12 E isto se veio a passar que o Espírito disse diante de mim outra vez: Mata-o, porque o Senhor o tem entregado em tuas mãos;

13 Eis que o Senhor mata os iníquos para levar adiante seus propósitos justos. É melhor que um homem pereça do que uma nação deva diminuir e perecer na descrença.

14 E agora, quando eu, Néfi, tinha ouvido essas palavra, eu lembrei-me das palavras do Senhor que ele falou  comigo dentro do deserto, dizendo que: Visto que a tua semente deve guardar meus mandamentos, eles deverão prosperar na terra da promessa.

15 Sim, e eu também pensei que eles não poderiam guardar os mandamentos do Senhor de acordo com a lei de Moisés, a menos que eles tenham a lei.

16 E eu também sabia que a lei estava gravada sobre as placas de latão.

17 E outra vez, eu sabia que o Senhor tinha entregado Labão nas minhas mãos para esta causa — para que eu pudesse obter os registros de acordo com os seus mandamentos.

18 Portanto eu obedeci à voz do Espírito, e peguei Labão pelos cabelos da cabeça, e eu o feri cortando sua cabeça com a sua própria espada.

19 E depois que eu o tinha ferido e cortado a sua cabeça com sua própria espada, eu tomei as vestimentas de Labão e as coloquei sobre o meu próprio corpo; sim, mesmo todos os pedacinhos; e eu cingi sobre mim sua armadura ao redor de meus lombos.

20 E depois de eu haver feito isto, fui em frente para o tesouro de Labão. E enquanto eu ia em direção ao tesouro de Labão, eis que, eu vi o servo de Labão que tinha as chaves do tesouro. E eu o mandei na voz de Labão, que ele deveria ir comigo dentro do tesouro.

21 E ele supôs que eu fosse seu mestre, Labão, pois ele viu as vestimentas e também a espada cingida nos meus lombos.

22 E falou diante de mim acerca dos anciãos dos judeus, sabendo ele que seu senhor, Labão, tinha estado fora durante a noite entre eles.

23 E eu falei diante dele como se eu fosse Labão.

24 E eu também falei diante dele que eu deveria pegar as gravações que estavam sobre as placas de latão, para os meus irmãos mais velhos, que estavam fora das muralhas.

25 E eu também lhe pedi que me seguisse.

26 E ele, supondo que eu falei dos irmãos da igreja, e que eu era verdadeiramente aquele Labão a quem eu havia matado, portanto ele me seguiu.

27 E ele falou diante de mim muitas vezes acerca dos anciãos dos judeus, enquanto eu ia em frente para diante de meus irmãos, que estavam fora das muralhas.

28 E isto se veio a passar que quando Lamã me viu, ele ficou excessivamente assustado, e também Lemuel e Sam. E eles fugiram de diante da minha presença; pois eles supunham que eu era Labão e que ele me havia matado e estava procurando tirar suas vidas também.

29 E isto se veio a passar que eu chamei por eles e eles me ouviram; portanto eles cessaram de fugir da minha presença.

30 E isto se veio a passar que quando o servo de Labão viu meus irmãos, ele começou a tremer e estava prestes a fugir de diante de mim e retornar para a cidade de Jerusalém.

31 E agora eu, Néfi, sendo um homem grande em estatura e também tendo recebido muita força do Senhor, portanto eu me atirei sobre o servo de Labão e o segurei, para que ele não fugisse.

32 E isto se veio a passar que eu falei com ele, que se ele desse ouvidos às minhas palavras, assim como o Senhor vive, e assim como eu vivo, de maneira que, se ele desse ouvidos às nossas palavras, nós pouparíamos sua vida.

33 E falei diante dele, mesmo com um juramento, que ele não precisava temer; que ele deveria ser um homem livre tal como nós se ele descesse dentro do deserto connosco.

34 E também lhe falei diante dele, dizendo: Certamente o Senhor nos tem mandado fazer estas coisas; e não deveremos nós ser diligentes em guardar os mandamentos do Senhor? Portanto, se você descer dentro do deserto ao meu pai, você terá um lugar connosco.

35 E isto se veio a passar que Zoram tomou coragem com as palavras que eu falei. Agora Zoram era o nome do servo; e ele prometeu que iria descer dentro do deserto para diante de nosso pai. Sim, e ele também fez um juramento perante nós que ele ficaria connosco daquele tempo em diante.

36 Ora, nós estávamos desejosos que ele ficasse connosco por esta causa, para que os judeus nada pudessem saber acerca de nossa fuga para dentro do deserto, para que não nos perseguissem e nos destruíssem.

37 E isto se veio a passar que quando Zoram tinha feito um juramento perante nós, nossos medos cessaram acerca dele.

38 E isto se veio a passar que nós tomamos as placas de latão e o servo de Labam e partimos para dentro do deserto e viajamos até a tenda de nosso pai.